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Dra. Vânia Caldeira |
Como este mês decidi, que o meu blog se iria dedicar ao coração, pedi a colaboração da Dra. Vânia Caldeira, aluna do 5º Ano da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, no Hospital de Santa Maria, a quem desde já agradeço a simpática disponibilidade.
Poderão encontrar num dos seus blogs, temas bem interessantes para a saúde, clicando abaixo:
Então segue-se o artigo em causa, da minha adorada sobrinha e afilhada (desculpa, não resisti):
MAIO, MÊS DO CORAÇÃO
As doenças cardiovasculares (DCV) são a principal causa de morte na Europa, representando cerca de 50% das mortes. Prevê-se que em 2030 quase 24 milhões de pessoas morrerão devido a DCV.
Em Portugal, as DCV são a principal causa de morte (55%) e uma importante causa de incapacidade. A maioria das DCV está associada a comportamentos e estilos de vida inapropriados e a factores de risco modificáveis.
A doença arterial coronária (DC) é uma patologia que afecta as artérias coronárias, vasos que irrigam o músculo cardíaco (miocárdio) e lhe levam o oxigénio necessário à sua intensa actividade. Nesta doença há um estreitamento ou uma oclusão destes vasos e, consequentemente, ocorre isquémia do miocárdio (deficiente irrigação sanguínea), que pode ser transitória e reverter (angina de peito) ou pode mesmo evoluir para necrose (morte celular) de células musculares cardíacas (enfarte agudo do miocárdio ou ataque cardíaco).
Há várias causas destes estreitamentos nas artérias coronárias, sendo a principal a aterosclerose. Quando nascemos os nossos vasos são elásticos e flexíveis e o sangue flui com facilidade no seu interior, no seu trajecto até aos tecidos. Com a idade, e sobretudo com os estilos de vida pouco saudáveis, vão-se acumulando depósitos de gordura nas paredes das artérias (placas de ateroma), que vão crescer e ocluir o lúmen vascular. A lesão causada nas artérias aumenta o processo de trombose, a formação de trombos/coágulos na região lesada, o que leva a uma oclusão total, com comprometimento da irrigação dos tecidos. A aterosclerose pode afectar qualquer artéria e causar diversas patologias, como o AVC quando são afectadas as artérias cerebrais (acidente vascular cerebral) ou o EAM (enfarte agudo do miocárdio), quando são as coronárias as artérias obstruídas.
Os factores de risco da DC são:
- tabagismo
- colesterol elevado (directamente relacionado com o processo de aterosclerose) – o “mau colesterol” é o LDL, que resulta essencialmente da dieta que fazemos e aumenta a aterosclerose; o “bom colesterol” é o HDL, que é estimulado pelo exercício, e que tem um efeito protector de DC
- hipertensão (o excesso de pressão na parede arterial danifica as artérias e acelera a aterosclerose)
- diabetes
- obesidade
- stress
- sedentarismo
- factores de risco não modificáveis (sexo masculino, idade e predisposição genética)
Assim, a mudança do estilo de vida é fundamental para evitar uma doença que está na nossa mão prevenir. Algumas opções de vida importantes para proteger o seu coração são:
- fazer uma dieta equilibrada- deixar de fumar (diminui em 50 a 70% o risco em 5 anos)
- perder peso (diminui 35-55% o risco)
- vigiar a pressão arterial e a glicemia e cumprir a medicação em caso de diagnóstico de hipertensão e diabetes
- fazer exercício físico, cerca de 20 minutos, 2 ou 3 vezes por semana (diminui em 45% o risco)
- não acrescentar sal à comida (diminuição do risco em 15%)
Quanto à alimentação, deixo algumas dicas:
- fazer várias refeições ao dia, de forma a ingerir porções mais pequenas de comida e a não se ter fome
- as gorduras são a maior fonte de calorias, pelo que se deve ter cuidado com a quantidade que se ingere (as gorduras devem representar menos de 35% das calorias que se ingerem diariamente)
- evitar o consumo de gorduras saturadas (presentes nas carnes vermelhas, queijos gordos, manteiga, natas, leite gordo, iogurtes, banha) é a medida mais importante para reduzir o colesterol
- optar pelos grelhados e evitar os fritos
- preferir as carnes brancas (frango, peru) e o peixe (rico em ácidos gordos ómega-3, que diminuem a aterosclerose e a trombose)
- preferir os óleos vegetais (ricos em gorduras polinsaturadas) às gorduras animais. Optar pelo azeite, óleo de girassol, de milho ou de soja (cuidado com o óleo de coco que é uma excepção entre os óleos vegetais e é quase tão nefasto para o coração como a banha de porco)
- beber leite magro ou meio-gordo
- ingerir com moderação alimentos ricos em colesterol (ovos , fígado, rim, marisco) – dois ovos por semana e uma dose de marisco uma vez por semana
- aumentar o consumo de frutas e legumes variados (no mínimo 5 porções/dia)
- escolher alimentos ricos em fibras (pão, arroz e massa integrais e cereais, particularmente, a aveia)
- não adicionar sal aos alimentos ou, pelo menos, adicionar uma quantidade muito reduzida.
Maio é o mês que o deve alertar para cuidar do seu coração nos próximos 12 meses. Trate do seu coração, que ele trata de si.
Nota: Imagens retiradas na net